Unico SENHOR E SALVADOR

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segunda-feira, 13 de junho de 2016

Che: Ed René Kivitz elogiou um assassino?


Por Thiago Cortês

"O mal prospera melhor quando lhe põem um ideal à frente” – Karl Kraus

Uma assunção generalizada – embora jamais assumida – dos nossos dias é a de que as intenções são mais importantes do que as ações que elas desencadeiam.
Estamos acostumados a perdoar quaisquer atos de vilania e mesmo de bestialidade em nome das supostas boas intenções daquele que os praticou. Qualquer ideal político, religioso ou moral serve de carta-branca para a violência na nossa época de extremismos.

De maneira inconsciente, chegamos ao ponto de glorificar os ideais
que motivam atos brutais e, muitas vezes, elogiamos as mentes perturbadas que matam em nome destes ideais.

Neste contexto o fanatismo ideológico, muito longe de ser menosprezado, é celebrado como um sinal de superioridade moral daquele que o manifesta. Na nossa época de confusão o radicalismo é visto como o atributo sublime dos espíritos ínclitos e elevados.

Coerente com o espírito do tempo, o pastor Ed René Kivitz fez recentemente comentário que, na avaliação de muitas desuas ovelhas e de seus seguidores na internet, continha um sutil elogio ao guerrilheiro Che Guevara. Será verdade?

Os seguidores de Kivitz lembraram que Che que sempre admitiu matar e ordenar fuzilamentos em Cuba e ficaram perturbados com a comparação que o Ed René fez do guerrilheiro com o pastor Martin Luther King e o pacifista Gandhi.

Aqui o link da postagem. Leia você mesmo:

“Um Che Guevara você só para na bala. Um Martin Luther King Jr. você só para na bala. Um Gandhi você só para na bala. Para outros, um cargo no Planalto, uma garrafa de whisky, uma mulher, ou uma mala de dinheiro são suficientes.”

Ao ler a frase, a primeira pergunta que se formou em minha mente foi: quantos camponeses e dissentes cubanos o “admirável” Che parou na bala? (Respondo abaixo).

Os seguidores e ovelhas de Ed René Kivitz perguntam: o pastor elogiou um assassino?

Só ele pode responder. O fato é que a comparação provocou uma dúvida legítima. E diante da suposta nivelação entre Che, Luther King e Gandhi, algumas coisas precisam ser esclarecidas.

A diferença moral fundamental entre o guerrilheiro Che e o pastor King reside no fato de que o primeiro estava disposto a matar para impor seus ideais, enquanto o segundo estava disposto a morrer para convencer seus semelhantes sobre a legitimidade dos seus ideais.

É a diferença entre o homicida e o mártir. Kivitz ignorou esta gigantesca diferença?

Quando o pastor diz que “um Che Guevara você só para na bala” é como se estivesse dizendo “Che Guevara era um sujeito de convicções” e não podia ser comprado.

Caso o pastor ainda não tenha lido, estou disposto a enviá-lo por Correio o famoso “Diário de Che Guevara”, um pequeno manual de ódio e violência escrito pelo próprio Che. Nele, o guerrilheiro admite o uso da violência como meio de promoção de seus ideais.

Traduzindo: onde Kivitz enxerga “convicção”, eu vejo fundamentalismo. Onde ele enxerga um espírito indomável, eu vejo apenas mais um fanático, um jagunço da ideologia.

Não, não estou baseando meu artigo em uma única frase escrita por Ed René Kivitz. Antes que me acusem de reducionismo, devo esclarecer que o pastor já citou o guerrilheiro em outras ocasiões, sempre de forma bastante positiva e favorável.

Em seu livro “Outra espiritualidade: fé, graça e resistência” – outra espiritualidade remete, é claro, a outro mundo possível –Ed René Kivitz faz uma inacreditável associação fraseológica e espiritual entre Che e Cristo no capítulo “Estreitar, mas sem perder a largura”.

O pastor pegou a famosa frase de Che sobre endurece sem perder a ternura para reler teologicamente o que Cristo disse sobre seguir o caminho estreito. Acredite se quiser:

“‘Hay que endurecerse, pero sin perder la ternura’, disse Che Guevara. De minha parte, quero parafrasear o líder e apelar, dizendo: Hay que estrechar, pero sin perder la anchura. É preciso estreitar, mas sem perder a largura. Digo isso movido pela sensação de que o caminho estreito proposto por Jesus está mais estreito do que deveria”.

Antes de tudo, é notável o tratamento respeitoso que Kivitiz dispensa ao comunista, chamando-o de “líder”. Ele faria o mesmo pelo reacionário Pinochet?

Mais importante é perceber que o pastor não tem o menor constrangimento em fazer uso justamente de uma frase na qual Che admite, nas entrelinhas, que estava disposto a ser violento e opressivo, mas mantendo a candura no olhar. É precisamente desta frase que Kivitz se utiliza para fazer sua releitura das palavras de Cristo.

Em um artigo para o Fórum Cristão de Profissionais, Ed René Kivitz desliza naquela confusão que a esquerda evangélica costuma fazer entre Cristo e Che, demonstrando sua frustação por Jesus não ser visto pela moçada como uma espécie de Che da Palestina:

“Por que os cartazes das universidades estampam Che Guevara como ícone revolucionário enquanto Jesus é tratado como um anglo-europeu afeminado? Jesus encarou o poder político imperialista, bateu de frente com o poder religioso institucionalizado, confrontou todos os agentes de segregação, preconceito e sectarismo social […]”

Além disso, Ed René Kivitz visitou Cuba e voltou de lá fazendo generosos elogios aos “heróis da Revolução”. Em um trecho que explorarei melhor abaixo, o pastor confirma o que eu dizia as acima: hoje as intenções são mais importantes do que as ações que elas desencadeiam:

“Visitei Cuba na semana passada […] Seus heróis protagonistas da revolução (permanente) que implantou a república socialista segundo o modelo marxista-leninista se sustentam não pelo que fizeram, mas pelo que disseram que fariam”.

No último tópico deste texto longo, mas necessário quero apresentar algumas “lições” que podemos aprender com os arroubos utópicos do pastor, mas antes mostrarei ao leitor quem realmente era Che Guevara e o tipo de mentalidade que ele representa.

Assassino Confesso

Che não apenas matava quem ousasse discordar de seus ideais, mas se orgulhava em admiti-lo publicamente. Na Assembleia Geral da ONU de 1964 Che Guevara admitiu que promovia fuzilamentos e que continuaria a matar pessoas. Assista você mesmo aqui.

No vídeo é possível perceber claramente que Che defende os fuzilamentos com inegável prazer, tentando mostrar ao mundo que mesmo quando os esquerdistas matam pessoas o fazem, é claro, pelo bem delas e de outro mundo possível:

“Nós temos que dizer aqui o que é uma verdade conhecida, que temos expressado sempre diante do mundo: fuzilamentos, sim! Fuzilamos, estamos fuzilando e seguiremos fuzilando até que seja necessário! Nossa luta é uma luta até a morte. Nós sabemos qual seria o resultado de uma batalha perdida e os vermes também têm de saber.”

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Che Guevara discursando na sede da ONU em 1964: 
“Fuzilamos e seguiremos fuzilando”

Fica visível no discurso (confira aqui a versão resumida) que para Che matar seres humanos representava apenas mais uma necessidade revolucionária ou, melhor dizendo, era uma demanda da História, assim como os gulags e a ditadura do proletariado.

O jornalista americano John Lee Anderson, admirador e biografo de Che Guevara, teve acesso aos diários do guerrilheiro e entrevistou pessoas que conviveram com ele. Foi o biografo quem descobriu a identidade da primeira vítima de Che, o camponês Eutimio Guerra, que serviu de guia para os guerrilheiros em Sierra Maestra e depois foi acusado de traição.

Lee Anderson descobriu o trágico fim do camponês porque obteve com a viúva de Che os diários originais do guerrilheiro, no qual Guevara contou em detalhes, e sem expressar o menor remorso, como foi o fuzilamento de sua primeira vítima:

“Era uma situação incômoda para as pessoas, de modo que acabei com o problema rapidamente dando-lhe um tiro com uma pistola calibre 32 no lado direito do crânio, com o orifício de saída no temporal direito. Ele arquejou um pouco e estava morto.”

Che também releva, sem pudores, que ficou com os pertences do camponês:

“Ao tratar de retirar seus pertences, não consegui soltar o relógio, que estava preso ao cinto por uma corrente. Eutimio me disse, uma última vez, com voz firme: ‘arranque logo, garoto, não faz mais diferença’. Assim fiz, e seus bens agora me pertenciam”

De acordo com relatos e documentos da época, Che Guevara treinou e comandou pelotões de fuzilamento que executaram milhares de homens e mulheres considerados inimigos do povo pelo regime de Fidel Castro. Eles não tiveram julgamento ou chance de defesa.

Jose Vilasuso, um cubano que integrava o grupo, estima que Che foi responsável por 400 sentenças de morte apenas nos primeiros meses em que comandava a prisão de La Cabaña.

De acordo com o Arquivo Cuba, foram pelo menos 22 execuções na Sierra Maestra entre 1957 e 1958. Quase todas as vítimas eram membros do próprio grupo rebelde de Fidel Castro e Che Guevara. Alguns foram mortos porque “queriam desistir” de participar do grupo.

Ou seja, Castro e Guevara matavam aqueles queriam abandonar a guerrilha.

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Che e Fidel executavam os cubanos que queriam desistir da guerrilha

Em uma ministração sobre compaixão – excelente, por sinal – na Igreja Batista da Água Branca, onde é pastor titular, Ed René Kivitz conclamou a si mesmo e demais irmãos a praticar a compaixão uns com os outros:

“Mais compaixão! Estou ouvindo Deus dizer: Ed René, cresça! Cresça, meu filho, para que você saiba se ser compassivo e se compadecer. Coragem, meu filho, se levante. Vá para dentro do sofrimento dessas pessoas”.

Quero convidar o pastor Ed René a se compadecer das famílias daqueles que foram fuzilados por Che Guevara, dos que perderam seus pais, irmãos e filhos, e se compadecer dos dissidentes que seguem presos na ilha porque ousam pensar diferente do governo comunista.

Fanatismo do Bem

O fanatismo ideológico que talvez fizesse de Che um sujeito incorruptível era a mesma força psicológica que o transformava em uma máquina fria de matar. Será que Kivitz indiretamente fez um elogio deste tipo de fanatismo? Só ele pode responder.

A pergunta que posso tentar responder é esta: que tipo de mentalidade Che representa?

Che tinha algo em comum com gangsters e mafiosos: era um praticante apaixonado da modalidade execução sem julgamento. Confira a impressionante selvageria dos guerrilheiros neste trecho do Guia Politicamente Incorreto da América Latina:

“Em 1958 Che Guevara liderou a tomada da cidade de Santa Clara, o maior obstáculo entre os guerrilheiros e Havana. De acordo com a organização Arquivo Cuba e dezenas de dissidentes cubanos, a invasão foi seguida por uma onda incontrolável de execuções. Não houve julgamentos. E nenhuma possibilidade real de defesa para os condenados”

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Ed René Kivitz

Os relatos dos companheiros de Che e as informações contidas nos seus próprios diários não deixavam duvida de que o guerrilheiro não tinha a menor relutância em matar e, para piorar as coisas, o sujeito era extremamente paranoico.

Eis um trecho do livro “Guia Politicamente Incorreto da América Latina:

“No dia a dia de paranoias e crises de confiança entre guerrilheiros da Sierra Maestra, Fidel Castro tinha de segurar a onda de Che Guevara. O argentino com frequência sugeria acabar com companheiros diante da menor desconfiança.

Certo dia os guerrilheiros ganharam comida na casa de uma família de camponeses, mas logo depois começaram a passar mal. Che queria voltar na casa da família para intimidar os camponeses – que ele certamente pretendia julgar e executar. Fidel o deteve”

Fanáticos da ideologia não enxergam pessoas de carne e osso; eles enxergam apenas classes, categorias, raças e amontoados de abstrações coletivas. É por isso que matam, aprisionam e censuram sem o menor constrangimento.

Mais um trecho revelador do Guia Incorreto da América Latina:

“Havia um nítido zelo calvinista na perseguição movida por ele aos que se desviavam do ‘caminho certo’. Che abraçara fervorosamente la Revolución como corporificação definitiva das lições da Historia e como o caminho correto para o futuro. Agora, convencido de que estava certo, olhava em volta com olhos implacáveis de um inquisidor em busca daqueles que poderiam pôr em perigo a sobrevivência da Revolução”.

Os fanáticos religiosos são defenestrados; os fanáticos ideológicos são glorificados. O motivo é simples: a ideologia substituiu a fé enquanto cosmovisão do homem moderno, oferecendo uma nova narrativa sobre o mal, o pecado, a salvação, e o fim da História.

Cuba: real e imaginária

Embora a ilha dos irmãos Castro hoje tenha iniciado um lento e imprevisível processo de abertura de mercado e serviços, o fato é que o regime que podemos classificar de oligarquia comunista é e nunca deixou de ser uma ditadura.

Ao mesmo tempo em que celebra a libertação de alguns presos políticos, a Anistia Internacional manifesta preocupação com “relatos incrivelmente preocupantes sobre um aumento do assédio e de detenções a curto prazo de dissidentes”.

Diz a Anistia Internacional:

“Na Cuba atual, mantém-se praticamente impossível para qualquer um expressar pacificamente ideias opostas ao governo cubano. Toda a mídia está sob controle estrito do Estado, assim como os sindicatos. Apesar da subsequente libertação de dezenas de presos políticos no início deste ano, as detenções de curta duração e assédio de dissidentes políticos e ativistas de direitos humanos continuam a ser uma realidade preocupante na ilha”

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Prestes a ser fuzilado, cubano solicita padre e recebe extrema unção 
diante do pelotão e fuzilamento

Kivitz esteve em Cuba. O que ele disse de lá?

“Visitei Cuba na semana passada. Cuba não é um lugar, é um símbolo.”

Na leitura simbólica que o pastor Kivitz faz da oligarquia comunista dos irmãos Castro, parece que Cuba do mundo real, onde inexistem direitos humanos, não interessa. O que importa é a Cuba do imaginário utópico, o símbolo de resistência. É isso mesmo, pastor?

Elogiando o Utopismo

O historiador das ideias Isaiah Berlin (1909-1997) classificava a utopia como uma espécie de versão secular de fanatismo religioso, um efeito colateral da crença na supremacia da Razão, e advertia que sua “busca emocionante” representa “um perigo para a democracia”.

Por sua vez, o educador e crítico social Russel Kirk (1918-1994) – um dos mais importantes do século XX, mas que não consta da bibliografia das universidades brasileiras – era ainda mais enfático: “objetivar a utopia é terminar em desastre”.

“Quem não tem utopia não sabe o que está fazendo aqui”, escreveu Kivitz. Ao contrário do ateu Berlin, o pastor batista não enxerga maiores problemas neste típico produto da vaidade humana que é a crença dos homens em sua própria Razão e superioridade moral.

A utopia é a busca da perfeição. De acordo com o filósofo Immanuel Kant (1724-1804), “Da madeira torta da humanidade, nada realmente reto jamais foi feito”. É estranho que um pastor pareça acreditar que a perfeição está ao alcance das mãos humanas.

Quem reivindica utopia, na prática, está reivindicando ideologia. A utopia é apenas a meta final dentro do pacote complexo da ideologia, que em todas as suas manifestações – marxista, anarquista, ultraliberal – é uma releitura da fé e das virtudes cristãs.

O sociólogo francês Raymond Aron (1905-1983) já dizia que a ideologia é “o ópio dos intelectuais”. Aron escreveu uma obra clássica da teoria política na qual defendeu que a ideologia é uma espécie de religião secular que pretende substituir o cristianismo:

“A fé no proletariado e no curso da história, a compaixão pelos miseráveis que sofrem, mas amanhã serão donos do próprio destino, e a esperança na sociedade sem classes representam virtudes teológicas que aqui aparecem em outro molde […] A fé comunista justifica todos os meios, a esperança comunista não aceita a existência de múltiplas rotas que levam ao caminho de Deus, a caridade comunista nega aos inimigos até mesmo o direito a uma morte honrosa.”

Triste é que a ideologia é sedutora mesmo para pastores como Kivitz, para quem o outro mundo possível com o qual sonhava Guevara é uma meta a ser recomendada:

“Ninguém consegue viver sem acreditar que outro mundo é possível. Faça o possível e o impossível para que esse outro mundo possível se torne realidade.”

Como atesta a forma diabolicamente orgulhosa com a qual Che justificou os fuzilamentos na ONU, a ideologia é, antes de tudo, um processo psicológico de auto-justificação por meio do qual os revolucionários matam e aterrorizam enquanto se enxergam como nobres pacifistas e libertadores, profetas armados de outro mundo possível.

Para muitos estudiosos do século XX – considerado o mais mortífero de todos – a ideologia, ou seja, a promessa utópica de um futuro perfeito, foi o elemento central que desencadeou eventos históricos que resultaram em assassinatos em massa e campos de concentração.

E em nome da utopia, em nome da instalação de um Paraíso na Terra, em defesa do outro mundo possível, o assassinato em massa, o campo de trabalho forçado, a ditadura do partido único: tudo, absolutamente tudo, é perdoado.

O Que Podemos Aprender?

O pastor Ed René Kivitz chegou ao ponto de provocar dúvidas sobre ter elogiado ou não um assassino porque ele mesmo, Kivitz, está visivelmente afetado pela confusão de um mundo que faz uma releitura das virtudes cristãs com fins revolucionários e ideológicos.

O escritor G.K. Chesterton (1874-1936) escreveu que o problema do mundo moderno, surpreendentemente, não são os vícios – ou não apenas os vícios – mas as virtudes que andam à solta de modo selvagem e causam danos maiores do que os vícios:

“As virtudes também andam à solta, vagueiam de modo mais selvagem e causam danos ainda maiores. O mundo moderno está repleto de antigas virtudes cristãs que enlouqueceram. Elas enlouqueceram porque ficaram isoladas umas das outras e vagueiam por aí sozinhas”.

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Chesterton: “O mundo moderno está repleto de antigas virtudes cristãs que enlouqueceram”

A humildade franciscana que Kivitz talvez tenha enxergado em Che é apenas a velha humildade cristã desconectada da cosmovisão cristã que também prega a tolerância, a compaixão e a temperança, virtudes que faltavam ao guerrilheiro.

O pastor caiu na armadilha de se importar mais com as intenções do que com os resultados das ações de quem as pratica. É este o nosso Zeitgeist, o espírito do nosso tempo.

Por isso Kivitz não elogiou Cuba realmente existente – uma ditadura que mata, aprisiona e censura opositores –, mas aCuba do imaginário – uma sociedade baseada na igualdade, na justiça e na liberdade.

Parece que o que importa, para Kivitz, é a Cuba do imaginário utópico: 

“Convivi nos últimos dias com alguns sacramentos sacrílegos. Visitei Cuba na semana passada. Cuba não é um lugar, é um símbolo. Seus heróis protagonistas da revolução (permanente) que implantou a república socialista segundo o modelo marxista-leninista se sustentam não pelo que fizeram, mas pelo que disseram que fariam. 
Ocupam o imaginário dos revolucionários não porque transformaram seu pequeno mundo segundo sua utopia, mas porque conseguiram fazer com que milhares de pessoas acreditassem que seu sonho era possível.”

É claro que, algumas linhas à frente, o pastor admite – muito timidamente – que, ora essa, é claro que também existem ali algumas pessoas descontentes com o regime comunista, entretanto, (o pastor rapidamente acrescenta): “Mas também encontrei pastores que chamam Fidel Castro de companheiro”. Ah, então, está tudo bem!

O Che Guevara que tantos acreditam conhecer inexiste. Ele habita apenas o “imaginário dos revolucionários”, como o pastor chamou o olimpo dos heróis do comunismo.

O Guevara de carne e osso foi um assassino e torturador que amava o genocida Stalin ao ponto de chamá-lo de “papai”. Sim, para Che Guevara, o genocida russo foi um dos grandes heróis do século XX. Em “Apuntes criticos a la Economia Politica” (1964), Che escreveu:

“É preciso olhar para Stalin no contexto histórico em que ele se moveu; não olhar para ele como uma espécie de bruto, mas nesse contexto histórico particular. Eu vim para o comunismo por causa do papai Stalin e ninguém deve me dizer que não devo ler Stalin.”

O espírito do nosso tempo nos leva a perdoar a bestialidade e glorificar assassinos porque intenções valem mais do que ações. É por isso que vivemos em uma espécie de esquizofrenia moral coletiva, um fenômeno que Chesterton abordou com maestria.

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Che Guevara: “Ódio como elemento de luta; ódio cruel do inimigo”

O mesmo Ed René que critica o “tom bélico de alguns líderes evangélicos” e que acredita que a oposição não deveria ouvir Reinaldo Azevedo – porque, na avaliação dele, Azevedo está no rol daqueles cujos “comentários e opiniões passam longe de qualquer virtude relacionada a moderação, bom senso e abertura ao diálogo” – é o mesmo Ed René quem cita Che Guevara ao lado de Luther King, colocando ao lado do pastor – como se quisesse sugerir que habitam o mesmo patamar – um guerrilheiro que famosamente escreveu:

“Ódio como elemento de luta; ódio cruel do inimigo, impelindo-nos acima e além das limitações naturais das quais o homem é herdeiro e transformá-lo numa efetiva, violenta, seletiva e fria máquina de matar”

Eis a esquizofrenia moral do nosso tempo em estado puro.

Phonte: Blog G.P

2 comentários:

  1. Tem que avisar para um esquerdista que a realidade é uma só, e não duas!

    ResponderExcluir
  2. É um absurdo um homem que se acha pastor ensinar, exaltar ou defender um comunista sanguinário como foi Che!

    O mundo esta acabando mesmo!

    ResponderExcluir

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