Unico SENHOR E SALVADOR

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domingo, 18 de maio de 2014

JESUS Verdadeiro Homem, verdadeiro Deus


Por Maria Helena Garrido Saddi

“Errais, não conhecendo as Escrituras, nem o poder de Deus”
(Mt 22.29)


Muitos são os que têm dificuldades em aceitar a convivência das naturezas humana e divina no Ser especial de Jesus Cristo. Em razão disso, consideram-no, apenas, como um grande homem – um sábio, um profeta... E aí se instala uma terrível incoerência! Se não, vejamos: Jesus declarou-se O Filho de Deus; portanto, Deus, essencialmente.

Ora, ou Jesus é o que afirmou ser, ou seja, muitíssimo mais do que simplesmente um grande homem, ou ele não passaria de um ser mínimo, equivocado e presumido sobre a própria identidade. Longe, por conseguinte, da condição de um sábio, de um mestre, enfim, de alguém digno de se levar em conta.

E só assim teria tido razão, por exemplo, a campanha infamatória empreendida por Voltaire (séc.XVIII), em toda a Europa, para esmagá-lo (Écrasez l’Infâme!). Mas, como não é essa, absolutamente, a realidade ôntica d’Ele, quem se viu esmagado (écrasé!), sob a Pedra angular do edifício espiritual de Deus (Mt 21.44), foi o próprio Voltaire. 

 O médico que assistiu o renomado escritor francês, nos momentos finais deste, horrorizou-se com o sombrio espetáculo da agonia de sua morte. Je ne puis m’en souvenir sans horreur [“Eu não posso lembrar-me disso sem sentir horror”] – são palavras testemunhais do doutor sobre o fato.

Na verdade, o que falta a muitos é um conhecimento proficiente a respeito do Judeu que fez incomparavelmente mais do que dividir a História em antes e depois dele.

A propósito, a farta e consistente informação das Escrituras mostra-se bem sintetizada na seguinte colocação do apóstolo Paulo: 

“nele [Jesus] habita corporalmente toda a plenitude da divindade” (Cl 2.9). 

 Ou seja, Jesus Cristo é, simultaneamente, verdadeiro Homem e verdadeiro Deus.

Reflitamos: o óleo e a água não são substâncias de naturezas distintas? De sorte que não se misturam, não é mesmo? No entanto, isso não as impede de se unirem, formando um todo capaz de estar no mesmo recipiente ou de correr/escorrer no mesmo espaço. E por quê? Em razão de um elemento comum a ambas: a liquidez.

Semelhantemente, as naturezas humana e divina puderam unir-se e conviver em Jesus, graças a um elemento comum a elas: a SANTIDADE.

É, ainda, o Apóstolo que esclarece: “não temos um sumo sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas; porém um [Jesus] que, como nós, em tudo foi tentado, mas sem pecado” (Hb 4.15, com ênfase nossa).

E prossegue: “Porque nos convinha tal sumo sacerdote, santo, inocente, imaculado, separado dos pecadores e feito mais sublime do que os céus” (id., 7.26).

De fato, a santidade foi o ponto que ajustou as naturezas de Jesus, como as palmas das mãos postas juntas.

“Quem de vós me convence de pecado?” (Jo 8.46) – perguntou Ele à multidão de patrícios seus que o rodeavam, resistindo-lhe ao discurso sobre a divina missão que, da parte do Pai, lhe fora dado cumprir entre os homens.

Conquanto ávidos por surpreendê-lo em algum delito, quem, de fato, ousou apontar-lhe alguma falha, mínima que fosse? Emudeceram-se, nesse ponto do confronto, ante a absoluta impossibilidade em responderem ao desafio do Mestre.

Quando se defrontou com o Homem-Jesus – mesmo sabendo, pelas Escrituras, que ele era o Cristo, o Messias, o Ungido de Deus-Pai –, Satanás tentou deformá-lo, pervertê-lo, enfim, fazê-lo a seu modo. E agiu assim, estimulado, certamente, pelo que conhecera do homem, na pessoa de Adão, sobre o qual prevalecera.

Usando de sutilezas e astúcias, o Tentador tocou nos pontos que levaram e continuam a levar homens à queda: a vaidade, a ambição de domínio e de riquezas (Mt 4.1-10).

Só que Jesus, embora sendo verdadeiramente homem (1Jo 4.2; 2Jo 1.7), não era um homem comum, adâmico, como os demais. 


Sua concepção humana foi especial: 

anunciada pelo próprio Deus, já no Éden (Gn 3.14-15); 
anunciada e descrita por um anjo à Virgem, Maria: 

“Descerá sobre ti o Espírito Santo, e a virtude do Altíssimo te cobrirá com a sua sombra; pelo que também o Santo, que de ti há de nascer, será chamado Filho de Deus” 

(Lc 1.26-35, com ênfase nossa. Tem-se aí uma confirmação da profecia messiânica de Isaías 49.1-2).

A sombra de um corpo tende a reproduzir a forma, a imagem desse mesmo corpo. A sombra de um camelo, por exemplo, não se assemelha, em forma ou em dimensão, à figura de um pequeno vaso de flores.

Por que a sombra do apóstolo Pedro, projetada sobre os doentes, curava-os? (At 5.15). Porque tal sombra era a imagem de um homem cheio do Espírito Santo de Deus.

A sombra de Deus é lugar de descanso. Está escrito: 

“O que habita no esconderijo do Altíssimo, à sombra do Onipotente descansará” (Sl 91.1).

Envolvendo Maria com a virtude da sombra d’Ele, o SENHOR projetou e imprimiu, no ventre dela, a essência de Sua exata Imagem.

O apóstolo Paulo discerniu bem esse feito extraordinário, ao afirmar: “O qual [Jesus], sendo o resplendor da sua glória, e a expressa imagem da sua pessoa [da pessoa de Deus], e sustentando todas as coisas pela palavra do seu poder, havendo feito por si mesmo a purificação dos nossos pecados, assentou-se à destra da majestade, nas alturas” (Hb 1.3, com ênfase nossa).

Atente-se para coerência da concepção do Homem-Jesus, sob a virtude da sombra do Onipotente, na seguinte fala d’Ele, em que se propõe como lugar de descanso:

“Vinde a mim, todos os que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei. [...] aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração; e achareis descanso para a vossa alma (Mt 11.28-29).

Assim, o Deus invisível tornou-se visível.

Certa feita, Filipe, um dos discípulos, pediu-lhe: 

“Senhor, mostra-nos o Pai, o que nos basta. Disse-lhe Jesus: Estou há tanto tempo convosco, e não me tendes conhecido, Filipe? Quem me vê a mim, vê o Pai, e como dizes tu: Mostra-nos o Pai?” (Jo 14.8-9)

Em virtude, pois, de sua concepção singular, coube a Jesus Cristo uma condição superior – relativamente aos outros homens, aos quais se fez semelhante –, no que concerne à resistência à tentação do pecado (Hb 2.17-18, 7.26-28 e 9.14; 2Co 5.21; Jo 8.46).

E não poderia ser diferente, pois o elemento feminino que participou da sua geração, isto é, o óvulo da virgem Maria, divinamente fecundado, desimpregnou-se da herança do pecado original. 

Desse modo, Jesus foi concebido sem o estigma da transgressão adâmica, a qual – é oportuno esclarecer – nada, nada teve ou tem a ver com relação sexual, procedimento instituído pelo próprio Deus para a perpetuação natural da espécie. 

O problema no Éden, diga-se de passagem, foi de outra natureza.

Por oportuno, considere-se, no contexto dado, a propriedade da palavra do anjo do SENHOR: anunciando o nascimento de Jesus a Maria, chamou-o Santo – “o Santo que de ti há de nascer”.

Manifestações das duas naturezas de Jesus Cristo

Natureza humana – nasceu de uma mulher (Mt 1.18-20; Lc 1.35); teve irmãos e irmãs (Mt 1.24-25; 12.47 e 13.55-56). Teve fome e sede (Mt 21.18; Jo 4.6-7 e 10.28 e 19.28); cansaço, sono (Mc 4.38); alegria (Lc 10.21); tristeza e angústia (Mt 26.37) e, finalmente, sofreu a morte física (Jo 19.30). Mas ressuscitou e está “vivo para todo o sempre” (Ap 1.18).

Natureza divina – evidenciada em seus atributos divinos: onipresença (Mt 18.20), onipotência (Mt 28.18), onisciência (Jo 21.17) e eternidade (Jo 8.57; Hb 13.8; 2Jo 5.20).

Identidade - humana: “Filho de David”, porque descendente do patriarca David, e “Filho do homem”, porque filho do ser humano (mais exatamente, de Maria); e divina: “Filho unigênito de Deus”, com quem partilha a mesma autodenominação conceitual “Ehyeh Asher Ehyeh” (hebraico), “Ego sum qui sum” (latim), “Eu sou quem sou” (português) – Êx 3.14; Jo 18.5-6; Is 48.12; Ap 1.8 e 17.

Tudo o que temos exposto aponta para o fato, absoluta e maravilhosamente estabelecido, de que Jesus Cristo não é um dentre outros, mas Ele é o Caminho da Salvação eterna, pois Ele é o ponto sacrossanto de íntima e profunda junção do humano com o divino.

Deveras, na condição de Homem, Ele se coloca no lugar do homem e oferece a sua vida imaculada em pagamento da dívida espiritual que o homem contraiu com o seu Criador. Com o status de Deus, Ele tem a competência para reparar, com mérito infinito, a ofensa feita pelo pecador ao Ser infinitamente Santo. Perfeita quitação!

Assim, pois, pertence a Jesus Cristo a exclusiva autoridade para religare, isto é, para restaurar a ligação do homem com Deus.

E nisso está o prazer de sua alma e a suma razão de seu imenso e vicário Sacrifício!

Autora: Maria Helena Garrido Saddi é doutora em Letras, professora da UFG. Membro da Catedral Evangélica Hebrom, em Goiânia.

E-mail: hgsaddi@gmail.com

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