Unico SENHOR E SALVADOR

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sábado, 30 de abril de 2016

O legado humanitário de Dilma - seu governo foi um destruidor de mitos que atormentam a humanidade

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O governo Dilma Rousseff está morto. Porém, como ele ainda não foi enterrado, é de bom tom fazer um merecido panegírico ao cadáver insepulto.

Sim, há elogios a serem feitos.

Se, de um lado, o governo Dilma foi assombrosamente eficiente em destruir a economia brasileira, de outro, ele também apresentou uma surpreendente eficácia em destruir praticamente todos os mitos rotineiramente propagandeados por economistas keynesianos e desenvolvimentistas como verdades incontestáveis.

Tão logo seja sepultado o governo Dilma, keynesianos e desenvolvimentistas terão de caprichar na retórica e no poder de persuasão para conseguir ludibriar pessoas que agora já estão vacinadas contra seus engodos.

Eis os cinco grandes mitos keynesianos e desenvolvimentistas que foram aniquilados pelo governo Dilma.

Primeiro mito: um pouquinho mais de leniência com a inflação gera mais crescimento econômico

Esse passou a ser o mantra desde que Guido Mantega substituiu Antônio Palocci no Ministério da Fazenda em março de 2006.

Segundo os petistas da ala mais radical, Palocci e sua equipe econômica tinham uma "preocupação neurótica" com a inflação — o que exigia um orçamento mais equilibrado e taxas de juros mais altas —, e isso atrapalhava o crescimento econômico.

Consequentemente, se uma inflação um pouco mais alta — leia-se: acima da meta de 4,50% ao ano — fosse tolerada, o crescimento econômico seria robusto.

Esse lema foi levado ao paroxismo durante o governo Dilma. A inflação de preços não apenas jamais fechou qualquer ano dentro da meta de 4,50%, como também, e para piorar, se manteve frequentemente acima de 6,50%, que é o teto da meta.



Gráfico 1: IPCA acumulado em 12 meses durante o governo Dilma (a partir de 2011). Na maior parte do tempo, acima de 6,50%, que é o teto da meta

Observe no gráfico que, a partir do início de 2013, 6% torna-se o piso não-oficial da carestia.

Como consequência dessa leniência para com a inflação, os investimentos produtivos (Formação Bruta de Capital Fixo) entram em contração justamente a partir do segundo trimestre de 2013 — ano em que, vale lembrar, a taxa SELIC teve o menor valor da sua história — e desabam a partir de 2014:



Gráfico 2:
evolução da formação bruta de capital fixo. Os investimentos estão em contração desde o segundo trimestre de 2013

É fácil entender por que a inflação — ao contrário do que pregam os desenvolvimentistas — inibe os investimentos produtivos.

Quando um empreendedor faz um investimento voltado para o longo prazo, o mínimo que ele tem de saber é como será o poder de compra da moeda no futuro. Sem isso, se ele não tem ideia de quanto valerá a moeda lá no futuro, ele não consegue estimar quais serão são custos e suas receitas. Consequentemente, não conseguirá nem sequer estimar se terá lucro ou prejuízo.

Planejar para o longo prazo tendo em mente uma inflação futura de 3% ao ano é totalmente diferente de planejar tendo em mente uma inflação futura de 10% ao ano. Os tipos de investimentos que são lucrativos em cada um desses cenários são totalmente distintos.

Se você prevê uma inflação continuamente alta no futuro, então você irá se concentrar em projetos de curto prazo; projetos que visam ao futuro mais imediato. Você não irá fabricar máquinas e equipamentos; não irá ampliar suas instalações industriais. Você irá se dedicar a fabricar pirulitos e chicletes, que dão retorno mais imediato. Com inflação em alta, fazer investimento de longo prazo torna-se extremamente arriscado.

No mais, nesse cenário, a maior preocupação de investidores e empreendedores passa a ser a de se proteger da perda do poder de compra da moeda. Torna-se mais sensato dedicar mais tempo especulando no mercado financeiro e comprando títulos do governo indexados pela inflação. Consequentemente, os investimentos caem.

E aí o crescimento econômico vai junto.



Gráfico 3: evolução do PIB (trimestre sobre o mesmo trimestre do ano anterior). Estamos em contração crescente desde o segundo trimestre de 2014.

O governo Dilma, portanto, de maneira cirúrgica, exterminou empiricamente o mito de que mais inflação gera mais crescimento econômico.

Segundo mito: mais gastos governamentais geram mais crescimento econômico

Este mito é um complemento ao primeiro. Enquanto Guido Mantega acreditava na inflação como impulsionadora do crescimento, Dilma era ela própria a apóstola dos gastos estatais como condutores da economia.

Segundo ela, "despesa corrente é vida" e qualquer tentativa de limitar o crescimento dos gastos do governo é uma ideia "rudimentar".

E assim ela o fez.

Quando Dilma assumiu o governo, os gastos mensais do governo federal eram de aproximadamente R$ 60 bilhões. Em novembro do ano passado, já estavam em R$ 100 bilhões, um aumento de módicos 66%.




Gráfico 4:
evolução das despesas mensais do governo, excluindo juros (aquela disparada em dezembro de 2015 foi a quitação da dívida das pedaladas fiscais; e a de setembro de 2010 foram as despesas com o Censo).

Para quem acredita na tese de que uma elevação nos gastos do governo aciona o multiplicador keynesiano, que então aditiva o crescimento econômico, um aumento de 66% deveria ter feito a economia bombar. Mas ela, ao contrário, brochou.

E a explicação também é simples.

Em primeiro lugar, se o governo está gastando cada vez mais, isso significa que sua burocracia, suas regulamentações e seu quadro de funcionários estão inchando. O peso da burocracia estatal está aumentando. E isso, por definição, leva a uma redução da participação do setor privado na economia.

Mais burocratas, mais burocracia e mais regulamentações não são exatamente estimulantes ao crescimento econômico. Com mais burocracia e com mais regulamentações onerosas, há menos facilidade para o empreendedorismo e, consequentemente, menos geração de riqueza.

Isso, por si só, é totalmente contrário à ideia de estimular o crescimento econômico.

Em segundo lugar, governo que gasta cada vez mais, acaba gastando mais do que recolhe em tributos. Isso implica déficits orçamentários crescentes e endividamento acelerado.




Gráfico 5:
evolução do déficit orçamentário nominal do governo federal em porcentagem do PIB. Dilma elevou o déficit de 2,4% do PIB para 10,4%.




Gráfico 6: evolução da dívida brutal do governo federal. Quando Dilma assumiu a dívida bruta era de R$ 2 trilhões. Hoje está em R$ 4 trilhões. (Aumento de 100%)




Gráfico 7: evolução da dívida bruta do governo em relação ao PIB. Dilma a elevou de 51,77% para 66,23% do PIB

Esse total descontrole da dívida levou a uma fuga dos investidores estrangeiros (receosos de o governo dar o calote), à perda dos três graus de investimentos concedidos pelas agências de classificação de risco, e a uma forte desvalorização cambial, o que ajudou a acelerar a aceleração da inflação de preços.

Compare os gráficos 4, 5, 6 e 7 com o gráfico 3.

E aí, o aumento dos gastos do governo ajudou no crescimento econômico?

Outro mito que Dilma destroçou.

Terceiro mito: déficits orçamentários ajudam a sair de recessões

Esse é um corolário do segundo mito. Há keynesianos e desenvolvimentistas que até aceitam orçamento equilibrado e gastos mais restritos durante períodos de crescimento econômico; porém, quando há recessão, aí não tem conversa: gastos e déficits devem ser elevados para aditivar a demanda agregada e com isso tirar a economia da recessão.

Tudo o que foi dito acima sobre os gastos do governo se aplica ipsis litteris também a este mito. Mas alguns adendos sobre os déficits são necessários.

Em primeiro lugar, vale enfatizar que os déficits orçamentários do governo são financiados pela emissão de títulos do Tesouro, os quais são majoritariamente comprados pelos bancos por meio da criação de dinheiro. Déficits são, portanto, uma medida inerentemente inflacionária. E inflação de preços, como já comprovado, não estimula economia.

Adicionalmente, quando o governo pega dinheiro emprestado para financiar seus déficits, sobra menos crédito disponível para financiar empreendimentos produtivos. As pessoas e empresas preferem comprar títulos no Tesouro Direto a comprar debêntures de empresas. Com menos crédito disponível, há menos investimentos produtivos. E menos investimentos produtivos não ajudam na recuperação da economia.

Por fim, um aumento dos déficits e do endividamento significa que o governo muito provavelmente aumentará impostos no futuro. Contas desarranjadas não duram por muito tempo. Se o orçamento do governo está uma bagunça, o empreendedor sabe que o ajuste futuro muito provavelmente será via aumento de impostos. Sempre chega o momento do rearranjo. 

 E quando essa necessidade de ajuste fiscal se impõe, as medidas adotadas — alta de impostos e abolição de isenções — geram custos adicionais às empresas e mudam totalmente o cenário no qual elas basearam seus planos de investimentos.

Empresas planejam a longo prazo. Investimentos produtivos são investimentos de longo prazo. Aumentos de impostos geram custos adicionais no longo prazo e alteram totalmente o cenário no qual as empresas inicialmente basearam seus planos de investimentos. Como investir quando não se sabe nem como serão os impostos no futuro?

Elementos como previsibilidade, facilidade de empreender e custo tributário são cruciais. Mudanças abruptas que afetam a previsibilidade, que elevam a complexidade, que geram mais incertezas, e que aumentam o custo da tributação alteram todo o planejamento das empresas e inibem seus investimentos.

Déficits, portanto, geram inflação, reduzem o crédito disponível para investimentos produtivos, e geram incertezas e imprevisibilidades quanto ao ambiente empreendedorial futuro. Carestia, crédito sugado pelo governo, e possibilidade de aumentos de impostos são custos que alteram todo o planejamento das empresas.

Nesse cenário, é quase impossível empreender, investir e gerar empregos de qualidade.

Como isso pode ser bom para uma recuperação econômica?

O gráfico abaixo mostra a evolução (ou regressão) da confiança dos empresários do setor industrial, que é justamente o que planeja a mais longo prazo.



Gráfico 8: evolução do índice de confiança do empresário do setor industrial

Se não está fácil para o grande industrial, imagine então para o pequeno empresário. Eis a evolução do seu índice de confiança.




Gráfico 9:
evolução do índice de confiança do pequeno empresário

Com todas essas façanhas, como podem dizer que déficits ajudam a sair de recessão?

Mais um mito que Dilma chacinou.

Quarto mito: mais inflação ajuda a combater o desemprego

Este talvez seja o mito favorito.

Durante as eleições, Dilma afirmou que "não combateria a inflação à custa do emprego", pois levar a inflação para a meta de 4,50% aumentaria o desemprego. Na mente dela, mais inflação diminui o desemprego, e menos inflação aumenta o desemprego.

Dilma não queria nem mais inflação e nem mais desemprego. Produziu ambos.

Os gráficos falam por si.




Gráfico 10: IPCA acumulado em 12 meses a partir de 2012





Gráfico 11:
evolução da taxa de desemprego mensurada pela PNAD. (Os dados disponíveis começam apenas em 2012)

Após todas as explicações anteriores, creio não haver qualquer motivo remanescente para crer que a inflação, que inibe investimentos produtivos e afeta o crescimento, possa gerar empregos.

Acreditar que inflação estimula o emprego é o equivalente a dizer: "Puxa, ano que vem meu custo de vida estará 10% maior. Exatamente por isso vou contratar uma faxineira, uma cozinheira, um motorista e um professor particular para meus filhos".

Tem lógica?

Dilma, nossa heroína, colocou esse mito para hibernar.

Quinto mito: desvalorização cambial estimula as indústrias e impulsiona exportações


De todos, este é o mais espetacularmente refutado pela prática. As evidências empíricas são tão explicitamente contrárias a ele, que é realmente espantoso ainda ver economistas que acreditam nesta falácia.

Segundo os desenvolvimentistas, uma desvalorização cambial gera dois efeitos benéficos para a economia: ela encarece os preços dos bens estrangeiros, o que reduz suas importações e diminui a concorrência sobre a indústria nacional; e faz com que os bens nacionais fiquem mais baratos para os estrangeiros, o que aumentaria as exportações.

Como efeito colateral, as importações mais caras fariam com que a população nacional passasse a consumir mais produtos produzidos nacionalmente, o que aumentaria duplamente as vendas das indústrias nacionais.

A teoria acaba aí. Agora vem a prática para desmoralizá-la.

Em primeiro lugar, os efeitos de uma desvalorização não podem ser completamente isolados do resto da economia. Uma moeda desvalorizada significa, por definição, uma moeda que perdeu poder de compra. E uma moeda com menos poder de compra significa preços mais altos e renda menor para a população. E renda menor significa que a demanda por bens de consumo diminui. E isso, também por definição, irá afetar todo o setor industrial e atacadista. Afeta toda a cadeia produtiva, que entra em contração e gera o efeito contrário ao imaginado pelos desenvolvimentistas.

Portanto, uma moeda desvalorizada não pode, ao contrário do que afirmam os desenvolvimentistas, estimular o consumo interno e impulsionar as indústrias nacionais.

Mas há outra encrenca.

No mundo globalizado em que vivemos, vários exportadores são também grandes importadores. Para fabricar, com qualidade, seus bens exportáveis, eles têm de importar máquinas e matérias-primas de várias partes do mundo. E elas também têm de comprar, continuamente, peças de reposição.

Se a desvalorização da moeda fizer com que os custos de produção aumentem — e irão aumentar —, então o exportador não mais terá nenhuma vantagem competitiva no mercado internacional.

Portanto, uma desvalorização afeta a demanda interna pelos bens industriais e afeta também os custos de produção da indústria. Difícil imaginar uma combinação pior.

Como exemplo, a própria indústria automobilística veio a público admitir que a desvalorização cambial — ao contrário do que pregam os economistas desenvolvimentistas — não apenas está encarecendo a produção, como também está gerando incertezas para o setor.

A seguir, a evolução do câmbio, das exportações e da produção industrial durante os últimos 13 anos:




Gráfico 12: evolução do preço do dólar em reais desde janeiro de 2003



Gráfico 13: evolução das exportações



Gráfico 14: evolução da produção da Indústria de Transformação (linha vermelha), da Indústria de Bens de Capital (linha azul), e da Indústria de Bens de Consumo Duráveis (linha verde)

Como mostra a empiria — que apenas comprova a teoria —, a desindustrialização no Brasil chegou ao auge justamente no período em que a moeda mais se desvalorizou. A desindustrialização está ocorrendo é justamente agora, quando temos uma moeda fraca, inflação alta e, para completar, as maiores tarifas protecionistas da história do real.

Exatamente ao contrário do que defendem os economistas desenvolvimentistas, é justamente quando o câmbio está se apreciando (como ocorreu de 2003 a 2008, e de 2010 a 2011) que as exportações aumentam e a indústria se expande. E é justamente quando o câmbio se desvaloriza (2009, e 2012 em diante), que as exportações caem e a indústria encolhe.

Neste mito em específico, a dupla Dilma e Lula nos forneceu uma aula completa.

Conclusão


Aumento de gastos, aumento da inflação, aumento dos déficits e desvalorização do câmbio. Tudo isso feito simultaneamente. E gerando contração dos investimentos, disparada do desemprego, desindustrialização, queda das exportações, recessão e encolhimento de todos os setores da economia. Exatamente o contrário do que os desenvolvimentistas falaram que iria ocorrer.

Mas não deixe seu fígado afetar seu discernimento. Embora seja, disparada, a pior presidente da história do real, não podemos negar a Dilma o estupendo mérito de ter destruído cinco mitos que tantos infortúnios trouxeram à humanidade. Se cuidarmos bem de seu legado, novas desgraças econômicas poderão ser evitadas.

Por esse serviço homérico, e por esse inestimável legado à humanidade, Dilma merece louvores.

Obrigado, querida, e tchau!

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